Translate

quinta-feira, 2 de maio de 2013

No trabalho de garimpar reportagens sobre a Importância e Necessidade dos investimentos nas Categorias de Base do futebol, encontrei esse artigo do jornalista português Joni Francisco. Fala do Lindo Trabalho realizado pela DFB.

Formação Leva Alemanha ao Topo do Futebol


Não é novidade para ninguém que a Alemanha é uma potência (também) no futebol. Porém, tal como acontece noutros países, sofreu com a falta de talento de algumas gerações, participando em eventos internacionais com equipas muito aquém do que se exige a um país com a sua população, com o seu nível de desenvolvimento e, sobretudo, com o orgulho do seu povo.

Depois das excelentes participações da Alemanha no Euro’96 e do Borussia Dortmund na Liga dos Campeões 96-97, que culminou com vitórias alemãs nas duas contendas, o futebol do país entrou numa espiral negativa. Na Bundesliga, ano após ano a diferença entre Bayern München e restantes equipas crescia, fazendo do campeonato local uma competição cada vez menos competitiva. Entre as épocas 1998/99 e 2005/06, os bávaros venceram a liga local por seis vezes, numa supremacia apenas interrompida pelos triunfos ocasionais de Borussia Dortmund (2001-2002) e Werder Bremen (2003-2004).

Há males que vêm por bem. O fracasso no Euro’2000 mostrou a necessidade de agir para colocar futebol alemão na senda do sucesso.



A supremacia interna do FC Bayern andava de mãos dadas com uma crescente entrada de jogadores estrangeiros na 1.Bundesliga, com valores recorde no virar do século. Daí que os efeitos mais nefastos do declínio do futebol alemão neste período se tenham feito sentir ao nível da Mannschaft. O Mundial’98 terminou para a seleção alemã nos quartos-de-final, caindo com estrondo diante da surpreendente Croácia (0-3). Quem esperava uma forte reação no Euro’2000 – jogado praticamente em casa – não podia estar mais enganado. A Alemanha, liderada por Lothar Matthäus (então com 39 anos), ficou-se pela primeira fase, num grupo que contava ainda com Portugal, Inglaterra e Romênia  naquela que é vista por muitos como a pior prestação de sempre da Mannscahft numa fase final de uma grande competição (apenas um ponto e um golo marcado). O último lugar do grupo e a pesada derrota no derradeiro e decisivo jogo para as hostes alemãs, diante uma equipa portuguesa repleta de suplentes, foram um forte murro no estômago dos confiantes adeptos alemães. Quatro anos depois, no Euro’2004 realizado em Portugal, a Alemanha voltava a cair na primeira fase. Mas aí, o alerta já há muito havia soado e o processo revolucionário já estava em andamento.

A Deutscher Füssball-Bund (DFB) criara um plano que passava por uma forte aposta na formação. O projeto, a nível nacional, tinha como aliados os 36 clubes da 1.Bundesliga e da 2.Bundesliga e traçava um novo caminho depois da rápida identificação do retrocesso do futebol alemão. Nem o segundo lugar no Mundial’2002, marcado por uma Alemanha muito prática mas pouco convincente, precipitou o ‘arquivamento’ de um projeto que visava um rápido rejuvenescimento do futebol alemão.

A Deutscher Füssball-Bund (DFB) criara um plano que passava por uma forte aposta na formação. O projeto, a nível nacional, tinha como aliados os 36 clubes da 1.Bundesliga e da 2.Bundesliga e traçava um novo caminho depois da rápida identificação do retrocesso do futebol alemão. Nem o segundo lugar no Mundial’2002, marcado por uma Alemanha muito prática mas pouco convincente, precipitou o ‘arquivamento’ de um projeto que visava um rápido rejuvenescimento do futebol alemão.

Mario Götze, do Borussia Dortmund, e Bastian Schweinsteiger, do Bayern München, num duelo recente da 1.Bundesliga.

A ligação entre a formação e as equipas principais foi essencial em todo este processo. Há dois anos atrás, 10 treinadores de equipas da primeira e segunda liga alemãs tinham sido promovidos da formação: Thomas Tuchel (Mainz), Andre Schubert (Paderborn), Marco Kurz (Kaiserslautern), Michael Büskens (Greuther Fürth), Frank Schäfer (Köln), Rico Schmitt (Erzgebirge Aue), Norbert Meier (Fortuna Düsseldorf), Peter Hyballa (Alemannia Aachen), Theo Schneider (Oberhausen) e Marco Pezzaiuoli (Hoffenheim). A estes juntavam-se seis directores desportivos: Helmut Schulte (St. Pauli), Ernst Tanner (Hoffenheim), Uwe Stöver (FSV Frankfurt), Andre Schubert (Paderborn), Max Eberl (Borussia Mönchengladbach) e Andreas Rettig (Augsburg). Também o número de jogadores alemães nas equipas da Bundesliga tem crescido: dos 50% em 2002-2003 (mínimo histórico) para 57% em 2010-2011. Já a média de idades dos jogadores da Bundesliga em 2001-2002 era superior aos 27 anos. Na época 2010-2011, estava nos 25,77 anos.

Ao nível da seleção, a realidade inverteu-se por completo. As experientes e calculistas seleções de 1998, 2000 ou 2002 deram lugar a uma nova Alemanha, com um futebol atrativo e sustentada pelo talento dos jovens que germinam a um ritmo alucinante. No Mundial’2010, por exemplo, a Mannschaft tinha uma média de idades inferior a 25 anos.

À componente desportiva, importa acrescentar a vertente social da iniciativa que contribuiu, de forma inequívoca, para a integração da enorme comunidade emigrante na sociedade alemã. As academias são também residências e escolas, tendo passado por elas, nos primeiros 10 anos, cerca de 20 mil professores. Nas 36 academias treinavam, em 2011, miúdos de mais de 80 nacionalidades diferentes, num total de 6 mil jovens espalhados pelos vários escalões de formação.

O modelo alemão de formação é hoje visto, a nível internacional, como exemplo a seguir e já foi mesmo apontado pela UEFA como o melhor a nível europeu. É verdade que tira benefícios do facto da Alemanha contar com uma base de recrutamento muito grande e da crescente miscigenação da população a viver no país, permitindo também novos tipos de jogador que não se viam na Mannschaft há 15 anos atrás. A isto junta-se a enorme capacidade financeira, vital para o elevado investimento realizado ao nível das infraestruturas. Ao todo, nos primeiros 10 anos do projeto, foram aplicados 520 milhões de euros nas academias. Mas nada disso pode retirar o mérito à iniciativa ‘visionária’ da DFB.

Sami Khedira e Mesut Özil, ambos do Real Madrid, apontam para um futuro risonho. São o espelho de uma seleção alemã multicultural.

E, se dúvidas restassem, nada melhor que a apreciação de quem está por dentro. A realidade actual “é muito melhor do que a de há 10 anos atrás”, referiu Joachim Löw, selecionador alemão, numa entrevista recente. “Naquele tempo era só preparação e força, mas agora aprendemos a ser mais tecnicistas”. Quanto à competitividade da liga local, esta época não é um bom exemplo. Mas, como diz o ditado, uma andorinha não faz a primavera. Nas últimas seis temporadas, quatro clubes foram campeões: Bayern München (duas vezes), Borussia Dortmund (duas vezes), Stuttgart e Wolfsburg. Steve McClaren, antigo treinador do Wolfsburg, foi esclarecedor: “A beleza da Bundesliga é que 10 equipas podem ser campeãs”.

Hoje, a Alemanha poderia fazer mais que um onze capaz de lutar por uma grande competição internacional. Em condições normais, apenas uma seleção pode rivalizar com a Mannschaft no Mundial’2014: a Espanha. Mas, como está fortemente apoiada no sucesso e nos frutos da Masia catalã, sofrerá para substituir Xavi, Iniesta, Busquets ou Piqué. A Alemanha, tudo o indica, ocupará o lugar de melhor seleção do mundo em breve. E conta do seu lado com o avanço de mais de 10 anos, porque foi lesta a identificar o problema e a lançar um plano que, mais cedo ou mais tarde, deverá ser copiado por outros países.

Também a Bundesliga, na minha opinião, caminha a passos largos para a afirmação enquanto melhor liga do mundo. Por fim, mas não menos importante, o Bayern München já se apresenta como equipa de top a nível mundial, tendo o Barcelona (ao seu melhor nível) como único rival à altura. Mas sobre isso falarei numa outra ocasião.

Joni Francisco - Autor da Matéria



Completando a Matéria


Mais no dia 15 de Dezembro de 1995, o Tribunal da União Europeia deu ganho de causa ao jogador belga Jean-Marc Bosman, promulgando a histórica sentença que iria mudar para sempre o destino do futebol Alemão e Europeu.  O caso ficou conhecido como Acórdão Bosman.

Jean-Marc Bosman 

Antes da sentença, os clubes alemães só podiam escalar três jogadores estrangeiros numa partida. Depois dela, o número de estrangeiros foi liberado.

A ascensão dos jogadores estrangeiros no Campeonato Alemão (Bundesliga) preocupou os dirigentes esportivos locais. Tanto é que a Federação Alemã de Futebol(DFB)  resolveu lançar o programa de formação de jovens descrito na reportagem acima, a fim de fomentar novos talentos locais. Ao mesmo tempo em que fortalecendo a Bundesliga com a abertura para os estrangeiros,  Atuando com atletas diferenciados aliados ao projeto de formação, a Alemanha hoje vem mostrando um futebol vistoso, não necessariamente usando da força e jogadas aéreas de algum tempo atrás. Pois você só se tornara forte, jogando contra os fortes.


CURIOSIDADES


Tita foi o primeiro brasileiro a atuar na Bundesliga, quando foi contratado pelo Bayer Leverkusen em 1987, junto ao São Paulo FC.

O brasileiro Élber (Bayern de Munique) tornou-se um verdadeiro ídolo do futebol alemão. Foi o artilheiro da temporada 2002/2003 e tornou-se o estrangeiro que mais gols marcou na Alemanha (até agora 132).

O Brasileiro Amoroso (Borussia Dortmund) foi a transferência mais cara do futebol alemão: custou 25 milhões de euros, em 2001.

O público da competição é muito grande, alcançando o posto de melhor média de torcida da Europa. Tem média de público de pouco mais de 45 mil pessoas por jogo e 93% de ocupação dos estádios.





Nenhum comentário:

Postar um comentário