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sexta-feira, 15 de março de 2013


                 Entrevista com FABIO CUNHA - 1ª Parte




Fabio Cunha no Grêmio Barueri 2008


A entrevista de hoje, é com o amigo Fabio Aires da Cunha, Técnico de Futebol e Palestrante, formado em Esporte(USP/SP) e com quatro pós-graduações em Ciências do Movimento(Universidade de Guarulhos/SP), Metodologia da Aprendizagem e Treinamento do Futebol e Futsal(Universidade Gama Filho/SP), Psicologia Esportiva(UCB/SP e IWL/SP) e Treinamento, Técnicas e Táticas Esportivas(Pitágoras Sistema de Educação Superior/MG), além de possuir mestrado em Ciências do Movimento(UnG/SP). Filho de Luiz Carlos e Celina, paulista de São Paulo capital, atualmente com 38 anos e trabalhando como Coordenador Técnico do Centro de Formação do Nacional Atlético Clube de São Paulo, além de realizar palestras em todo o Brasil.



Blog – Quem é o Fabio Cunha?

Fabio Cunha – Posso dizer que sou um profissional que busca sempre o aperfeiçoamento profissional. Como um apaixonado pelo esporte, luto por uma modalidade mais organizada e mais decente. Procuro sempre ajudar no desenvolvimento do futebol brasileiro.
Meu sonho sempre foi ser jogador de futebol. Como não atingi esse sonho por falta de oportunidade, resolvi continuar no futebol, mas em outras funções. Vi a faculdade como uma forma de entrar no meio.
Após concluir o curso de Bacharelado em Esporte, iniciei no futebol como professor de escola de futebol, depois me tornei preparador físico até me tornar treinador.
Trabalhei em categorias de base e no profissional, mas sempre aliando a prática com a teoria.
Acredito que bons profissionais dentro de campo devem ter um bom embasamento teórico, daí a continuidade dos estudos deve ocorrer até o fim da vida.

Blog – Atualmente você desenvolve a função de coordenador técnico na equipe do Nacional Atlético Clube de São Paulo, clube paulista tradicional e um dos fundadores da Federação Paulista de Futebol. Como é o seu dia a dia dentro do clube?

Fabio Cunha – Hoje estou coordenando a escola de futebol da Academia Nacional de Esportes. Meu trabalho é coordenar a metodologia de ensino e treinamento. Criei uma metodologia própria embasada cientificamente nos conceitos mais modernos de treinamento e definimos também uma filosofia para a formação de nossos atletas.
Estou no dia a dia com os professores e alunos verificando como as aulas estão sendo conduzidas e orientando os profissionais para a aplicação da nossa metodologia.


Palestra No Nacional Atlético Clube/SP

Blog – Pelo seu CV, percebemos essa paixão pelo conhecimento. Hoje além do trabalho realizado dentro do clube, você participa de palestras e seminários por todo o Brasil. E aproveitando este tema, lhe pergunto como tem sido a procura pela informação e reciclagem das pessoas que hoje trabalham ligadas diretamente ao futebol, Técnicos, Preparadores Físicos, Auxiliares e Ex Atletas?

Fabio Cunha –Infelizmente esse é um ponto que me preocupa bastante. Apesar de uma melhora na busca pelo conhecimento e aperfeiçoamento profissional, ainda vejo uma porcentagem pequena de profissionais que buscam se aprimorar.
A nova geração vem com uma cabeça mais aberta e mais ávida por conhecimento, mas aí esbarra na falta de oportunidades para novos profissionais.
O futebol brasileiro carece de uma visão mais profissional e científica. Muitos profissionais acham que já sabem o suficiente e não precisam aprender mais nada.
Mas como profissional do futebol, palestrante e estudioso do esporte, procuro incentivar e apoiar o estudo e o desenvolvimento do nosso principal esporte.

Blog – Há alguns anos atrás, tivemos um embate sobre a necessidade do Treinador de Futebol possuir curso superior de educação física. Foi quando ficou definido por lei, que ex atletas de futebol, poderiam realizar um curso de técnico de futebol realizado pelo CREF ou pelos Sindicatos de Treinadores de Futebol espalhados pelo Brasil e receberiam uma carteira de provisionado. O que você tem a falar sobre isso e por que essa carência, principalmente no nordeste de cursos específicos para treinadores de futebol?

Fabio Cunha –Eu defendo o estudo sempre, mas acredito que no Brasil deveríamos ter um curso, de 1 ano ou 1 ano e meio, nos moldes dos cursos para treinadores da UEFA (União Europeia de Futebol), onde os candidatos a treinador estudariam o esporte e as principais disciplinas que o envolvem. Poderia haver uma parceria entre universidades, Governo Federal e CBF para instituir esse curso nacional.
Como em todas as áreas no Brasil, os investidores preferem apostar nas regiões Sul e Sudeste, daí uma carência maior na região Nordeste.
Com a instituição de um curso nacional para treinador, poderíamos abranger todas as regiões do Brasil.
A legislação também deveria ser alterada para obrigar todos os profissionais a frequentarem esse curso nacional.


Fórum Estadual de Futebol, em Cuiabá/MT 2010

Blog – Recentemente tivemos alguns casos de Pedofilia e Homossexualismo no futebol de base, coincidentemente, os dois casos aqui em nosso estado e que a imprensa nacional noticiou. Como você vê esse tema, que sempre tem vindo à tona em todo o Brasil.

Fabio Cunha – É um assunto extremamente delicado. Primeiro os clubes e entidades esportivas deveriam selecionar os profissionais que atuam com as crianças e jovens, uma seleção muito criteriosa.
O poder público e o juizado de menores devem fiscalizar qualquer entidade, clube, associação ou escolinha que trabalhe com crianças. Essa fiscalização deve ser bem rigorosa, criteriosa e frequente.
Acredito que a impunidade que impera no Brasil é um facilitador para esse tipo de crime, penas mais severas deveriam existir e, principalmente, serem aplicadas.

Blog – Mudando de assunto, Conte-nos um pouco sobre a sua experiência como Treinador de Futebol, quais os Clubes onde trabalhou e qual o trabalho mais marcante até o momento?

Fabio Cunha – Após iniciar no futebol profissional como preparador físico, fiz a transição para a carreira de treinador. Comecei trabalhando nas categorias de base até chegar ao profissional.
Trabalhei em equipes de Pernambuco, Tocantins, Paraná, Mato Grosso e São Paulo.
Na maioria dos clubes encontrei muitas dificuldades estruturais e organizacionais, além de gestores sem capacidade nenhuma para a função.
A melhor experiência que tive foi na equipe do Grêmio Barueri, onde fomos vice-campeões paulista sub-17 em 2008 e também fizemos uma grande campanha na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2009, além de revelar jogadores para o time profissional. A estrutura do clube era muito boa e os profissionais que atuavam eram competentes e capacitados.

Operário Futebol Clube/MT em 2011


Blog – Saiba que sou seu fã e acompanho seu trabalho há bastante tempo. Em 2008, você fez um excelente trabalho a frente do sub 17 do Grêmio Barueri, chegando ao vice campeonato, perdendo na final para o PAEC, hoje chamado de AUDAX, que possui uma das principais estruturas do futebol brasileiro. Você acredita que foi aí que sua carreira alavancou e nos fale sobre esta campanha?

Fabio Cunha – Em primeiro lugar, obrigado pela confiança e elogio. Eu acredito que a nossa carreira é uma continuidade. Realmente o trabalho no Barueri foi muito gratificante, tanto pelos resultados, como pela revelação de atletas que hoje estão em grandes clubes.
Ainda acredito que tenho muito a evoluir para poder dizer que minha carreira está consolidada.

Blog – Nesse período, você se lembra de algum atleta lançado por ti e que hoje faz sucesso no futebol?

Fabio Cunha – Alguns atletas que trabalharam comigo hoje estão buscando seu espaço e alguns estão aparecendo, como William José (Grêmio), Rhayner (Fluminense), Renan (Botafogo-SP) e alguns outros que estão em times menores, mas tem grande potencial para chegarem a clubes grandes em breve.

Na Copa SP 2009, Pelo Grêmio Barueri

Blog – Aproveitando o Futebol de Base, qual a sua visão sobre os investimentos feitos pelos clubes brasileiros em geral, nas suas categorias de base?

Fabio Cunha – Os investimentos na base ainda são pequenos. Muitos clubes não enxergaram a importância de formar o atleta em casa.
Poucos clubes tem uma boa estrutura na formação de base ou se preocupam com isso.
Além disso, os clubes não têm investido em bons profissionais para atuar com os jovens atletas.
Falta investimento na estrutura, na educação dos jovens e na capacitação dos profissionais da comissão técnica e de gerência.

Blog – E em nível de nordeste, hoje somente Vitória e Bahia conseguem boas campanhas nas categorias de base, salvo alguma outra exceção. O que nos falta para termos um melhor desenvolvimento em competições nacionais?

Fabio Cunha – Muitos vão usar a falta de dinheiro como desculpa. Acredito que o grande problema, não só do Nordeste, é a falta de dirigentes qualificados, pois um clube pode conseguir muitas coisas sem dinheiro, por exemplo: podem fazer parcerias com universidades para trabalho de fisioterapia, psicologia, educação física, nutrição e outros. Essas parcerias diminuiriam bastante os custos operacionais.
Os recursos humanos são o grande entrave para o crescimento da formação de base no Brasil.



II Curso de Atualização no Futebol, em São Paulo 2012


Um comentário:

  1. Um Grande Parceiro, nos enfrentamos em 2008, Barueri x Praia Grande pelos Jogos Regionais, um empate digno de um grande espetáculo de Futebol, sem gols, mas com lançes de arrepiar, Valeu fábio, um dia nos encontraremos novamente..

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