Entrevista com FABIO CUNHA - 1ª Parte
Fabio Cunha no Grêmio Barueri 2008
A entrevista de hoje, é com o amigo Fabio Aires da Cunha, Técnico de Futebol e
Palestrante, formado em Esporte(USP/SP) e com quatro pós-graduações em Ciências
do Movimento(Universidade de Guarulhos/SP), Metodologia da Aprendizagem e
Treinamento do Futebol e Futsal(Universidade Gama Filho/SP), Psicologia
Esportiva(UCB/SP e IWL/SP) e Treinamento, Técnicas e Táticas
Esportivas(Pitágoras Sistema de Educação Superior/MG), além de possuir mestrado
em Ciências do Movimento(UnG/SP). Filho de Luiz Carlos e Celina, paulista de São
Paulo capital, atualmente com 38 anos e trabalhando como Coordenador Técnico do
Centro de Formação do Nacional Atlético Clube de São Paulo, além de realizar
palestras em todo o Brasil.
Blog – Quem é o Fabio Cunha?
Fabio Cunha – Posso dizer que sou um profissional que busca sempre o
aperfeiçoamento profissional. Como um apaixonado pelo esporte, luto por uma
modalidade mais organizada e mais decente. Procuro sempre ajudar no
desenvolvimento do futebol brasileiro.
Meu sonho sempre foi ser jogador de futebol. Como
não atingi esse sonho por falta de oportunidade, resolvi continuar no futebol,
mas em outras funções. Vi a faculdade como uma forma de entrar no meio.
Após concluir o curso de Bacharelado em Esporte, iniciei
no futebol como professor de escola de futebol, depois me tornei preparador
físico até me tornar treinador.
Trabalhei em categorias de base e no profissional, mas
sempre aliando a prática com a teoria.
Acredito que bons profissionais dentro de campo devem ter
um bom embasamento teórico, daí a continuidade dos estudos deve ocorrer até o
fim da vida.
Blog – Atualmente você desenvolve a função de coordenador
técnico na equipe do Nacional Atlético Clube de São Paulo, clube paulista
tradicional e um dos fundadores da Federação Paulista de Futebol. Como é o seu
dia a dia dentro do clube?
Fabio Cunha – Hoje estou coordenando
a escola de futebol da Academia Nacional de Esportes. Meu trabalho é coordenar
a metodologia de ensino e treinamento. Criei uma metodologia própria embasada cientificamente
nos conceitos mais modernos de treinamento e definimos também uma filosofia
para a formação de nossos atletas.
Estou no dia a dia com os professores e alunos
verificando como as aulas estão sendo conduzidas e orientando os profissionais
para a aplicação da nossa metodologia.
Palestra No Nacional Atlético Clube/SP
Blog – Pelo seu CV, percebemos essa paixão pelo
conhecimento. Hoje além do trabalho realizado dentro do clube, você participa
de palestras e seminários por todo o Brasil. E aproveitando este tema, lhe
pergunto como tem sido a procura pela informação e reciclagem das pessoas que
hoje trabalham ligadas diretamente ao futebol, Técnicos, Preparadores Físicos,
Auxiliares e Ex Atletas?
Fabio Cunha –Infelizmente esse é um
ponto que me preocupa bastante. Apesar de uma melhora na busca pelo
conhecimento e aperfeiçoamento profissional, ainda vejo uma porcentagem pequena
de profissionais que buscam se aprimorar.
A nova geração vem com uma cabeça mais aberta e
mais ávida por conhecimento, mas aí esbarra na falta de oportunidades para
novos profissionais.
O futebol brasileiro carece de uma visão mais
profissional e científica. Muitos profissionais acham que já sabem o suficiente
e não precisam aprender mais nada.
Mas como profissional do futebol, palestrante e estudioso
do esporte, procuro incentivar e apoiar o estudo e o desenvolvimento do nosso
principal esporte.
Blog – Há alguns anos atrás, tivemos um embate sobre a
necessidade do Treinador de Futebol possuir curso superior de educação física.
Foi quando ficou definido por lei, que ex atletas de futebol, poderiam realizar
um curso de técnico de futebol realizado pelo CREF ou pelos Sindicatos de
Treinadores de Futebol espalhados pelo Brasil e receberiam uma carteira de
provisionado. O que você tem a falar sobre isso e por que essa carência,
principalmente no nordeste de cursos específicos para treinadores de futebol?
Fabio Cunha –Eu defendo o estudo
sempre, mas acredito que no Brasil deveríamos ter um curso, de 1 ano ou 1 ano e
meio, nos moldes dos cursos para treinadores da UEFA (União Europeia de
Futebol), onde os candidatos a treinador estudariam o esporte e as principais
disciplinas que o envolvem. Poderia haver uma parceria entre universidades,
Governo Federal e CBF para instituir esse curso nacional.
Como em todas as áreas no Brasil, os investidores
preferem apostar nas regiões Sul e Sudeste, daí uma carência maior na região
Nordeste.
Com a instituição de um curso nacional para
treinador, poderíamos abranger todas as regiões do Brasil.
A legislação também deveria ser alterada para
obrigar todos os profissionais a frequentarem esse curso nacional.
Fórum Estadual de Futebol, em Cuiabá/MT 2010
Blog – Recentemente tivemos alguns casos de Pedofilia e
Homossexualismo no futebol de base, coincidentemente, os dois casos aqui em
nosso estado e que a imprensa nacional noticiou. Como você vê esse tema, que
sempre tem vindo à tona em todo o Brasil.
Fabio Cunha – É um assunto
extremamente delicado. Primeiro os clubes e entidades esportivas deveriam
selecionar os profissionais que atuam com as crianças e jovens, uma seleção
muito criteriosa.
O poder público e o juizado de menores devem
fiscalizar qualquer entidade, clube, associação ou escolinha que trabalhe com
crianças. Essa fiscalização deve ser bem rigorosa, criteriosa e frequente.
Acredito que a impunidade que impera no Brasil é
um facilitador para esse tipo de crime, penas mais severas deveriam existir e,
principalmente, serem aplicadas.
Blog – Mudando de assunto, Conte-nos um pouco sobre a sua
experiência como Treinador de Futebol, quais os Clubes onde trabalhou e qual o
trabalho mais marcante até o momento?
Fabio Cunha – Após iniciar no
futebol profissional como preparador físico, fiz a transição para a carreira de
treinador. Comecei trabalhando nas categorias de base até chegar ao
profissional.
Trabalhei em equipes de Pernambuco, Tocantins,
Paraná, Mato Grosso e São Paulo.
Na maioria dos clubes encontrei muitas
dificuldades estruturais e organizacionais, além de gestores sem capacidade
nenhuma para a função.
A melhor experiência que tive foi na equipe do Grêmio
Barueri, onde fomos vice-campeões paulista sub-17 em 2008 e também fizemos uma
grande campanha na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2009, além de revelar
jogadores para o time profissional. A estrutura do clube era muito boa e os
profissionais que atuavam eram competentes e capacitados.
Operário Futebol Clube/MT em 2011
Blog – Saiba que sou seu fã e acompanho seu trabalho há
bastante tempo. Em 2008, você fez um excelente trabalho a frente do sub 17 do
Grêmio Barueri, chegando ao vice campeonato, perdendo na final para o PAEC, hoje
chamado de AUDAX, que possui uma das principais estruturas do futebol
brasileiro. Você acredita que foi aí que sua carreira alavancou e nos fale
sobre esta campanha?
Fabio Cunha – Em primeiro lugar,
obrigado pela confiança e elogio. Eu acredito que a nossa carreira é uma
continuidade. Realmente o trabalho no Barueri foi muito gratificante, tanto
pelos resultados, como pela revelação de atletas que hoje estão em grandes
clubes.
Ainda acredito que tenho muito a evoluir para
poder dizer que minha carreira está consolidada.
Blog – Nesse período, você se lembra de algum atleta lançado
por ti e que hoje faz sucesso no futebol?
Fabio Cunha – Alguns atletas que
trabalharam comigo hoje estão buscando seu espaço e alguns estão aparecendo,
como William José (Grêmio), Rhayner (Fluminense), Renan (Botafogo-SP) e alguns
outros que estão em times menores, mas tem grande potencial para chegarem a
clubes grandes em breve.
Na Copa SP 2009, Pelo Grêmio Barueri
Blog – Aproveitando o Futebol de Base, qual a sua visão
sobre os investimentos feitos pelos clubes brasileiros em geral, nas suas
categorias de base?
Poucos clubes tem uma boa estrutura na formação de
base ou se preocupam com isso.
Além disso, os clubes não têm investido em bons
profissionais para atuar com os jovens atletas.
Falta investimento na estrutura, na educação dos
jovens e na capacitação dos profissionais da comissão técnica e de gerência.
Blog – E em nível de nordeste, hoje somente Vitória e Bahia
conseguem boas campanhas nas categorias de base, salvo alguma outra exceção. O
que nos falta para termos um melhor desenvolvimento em competições nacionais?
Fabio Cunha – Muitos vão usar a
falta de dinheiro como desculpa. Acredito que o grande problema, não só do
Nordeste, é a falta de dirigentes qualificados, pois um clube pode conseguir
muitas coisas sem dinheiro, por exemplo: podem fazer parcerias com
universidades para trabalho de fisioterapia, psicologia, educação física,
nutrição e outros. Essas parcerias diminuiriam bastante os custos operacionais.
Os recursos humanos são o grande entrave para o crescimento
da formação de base no Brasil.
II Curso de Atualização no Futebol, em São Paulo 2012
Um Grande Parceiro, nos enfrentamos em 2008, Barueri x Praia Grande pelos Jogos Regionais, um empate digno de um grande espetáculo de Futebol, sem gols, mas com lançes de arrepiar, Valeu fábio, um dia nos encontraremos novamente..
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